A adenoide é um órgão imunologicamente ativo que tem a função de reforçar a imunidade de todo o trato aerodigestivo superior.
Essa função pode ser comprometida, principalmente, por infecções de repetição ou hipertrofia (aumento da adenoide), para as quais o tratamento definitivo é a adenoidectomia.
O sufixo “ectomia” é utilizado rotineiramente na cirurgia como um indicativo de cirurgias que retiram órgãos ou tecidos. É esse o princípio fundamental dessa cirurgia: a excisão das adenoides alivia a obstrução causada pela hipertrofia e alivia o espaço acometido na faringe.
No artigo de hoje, abordaremos a adenoidectomia.
Começaremos falando sobre os principais problemas da adenoide.
Em seguida, comentaremos as principais características da cirurgia e o pós-operatório.
Está preparado(a) para saber mais? Então, continue conosco!
Quais são os problemas de adenoide?
Em condições normais, as adenoides têm a função de proteger imunologicamente o organismo contra infecções.
No entanto, com o tempo, elas podem sofrer alterações que aumentam seu tamanho (causando hipertrofia de adenoide), gerando obstrução.
Por esse motivo, as principais indicações para adenoidectomia são aquelas relacionadas à falha na passagem de ar: roncos e dificuldades de respiração estão incluídos.
Outros problemas que acometem as adenoides são geralmente agudos e de resolução espontânea. Infecções e inflamações podem ocorrer principalmente quando relacionadas a algum quadro viral no trato respiratório superior. A maioria dessas ocorrências, no entanto, tende a se resolver com algumas semanas.
Causas da hipertrofia de adenoide
Ainda não se sabe ao certo o que causa esse aumento no tamanho da estrutura. A causa, portanto, é considerada multifatorial, dependente de vários correlatos que aumentam ou diminuem seu risco.
A hipertrofia de adenoide ocorre principalmente na infância. Sabe-se que algumas crianças têm uma predisposição maior para o crescimento exagerado do órgão, mas outras doenças podem influenciá-lo. Doenças alérgicas — como asma, rinite e infecções respiratórias de repetição — estão associadas à ocorrência de hipertrofia de adenoide.
Caso o crescimento ocorra em adultos, as causas principais são diferentes. Isso acontece porque, nas crianças, o tecido está mais predisposto a crescer devido ao desenvolvimento natural do corpo.
A partir da terceira década de vida, infecção pelo HIV, linfomas Hodgkin e não-Hodgkin e doenças granulomatosas são as principais causas de hipertrofia nas adenoides.
Sintomas da hipertrofia de adenoide
Os principais sintomas do crescimento anormal do órgão estão relacionados à obstrução da passagem do ar. Dificuldades respiratórias, como falta de ar e chiados, podem estar presentes.
A hipertrofia de adenoide também favorece a respiração pela boca (visto que a criança não consegue respirar bem pelo nariz). Isso gera o que chamamos de síndrome do respirador oral e pode resultar em roncos.
Tratamentos da hipertrofia de adenoide
É importante individualizar o cuidado para os pacientes acometidos por essa doença. Em adultos, como a hipertrofia de adenoide está relacionada a outras doenças, não está indicada inicialmente a adenoidectomia: procura-se descobrir a causa de base e tratá-la, fazendo, assim, com que a maioria dos casos de hipertrofia se resolva.
Em crianças, o prosseguimento à cirurgia depende, principalmente, do tamanho da obstrução e da presença de sintomas. O uso de corticoides nasais é a melhor opção de tratamento para pacientes com adenoide pequena.
Com o tempo, a adenoide pode diminuir de tamanho, mas obstruções severas podem causar danos irreversíveis. Defeitos no desenvolvimento e baixa estatura podem ocorrer nesses pacientes.
A obstrução é considerada severa quando é superior a 70% da nasofaringe. Quando a hipertrofia causa sintomas (como respiração bucal ou roncos) e essa porcentagem é atingida, há recomendação formal pela cirurgia.
Em que consiste a cirurgia de adenoidectomia?
A adenoidectomia é uma cirurgia de pequeno porte, rápida, com duração de cerca de 10 a 20 minutos e realizada sob anestesia geral. Seu objetivo principal é a remoção da adenoide.
A adenoide é um tecido localizado no fundo do nariz e faz parte de um anel de proteção imunológica da via aérea. A adenoidectomia pode ser realizada como um método isolado ou em conjunto com outros procedimentos, como a cauterização de cornetos, a retirada das amígdalas ou a colocação de tubos de ventilação.
O paciente não sofre nenhum corte na face, orelhas e pescoço, uma vez que o procedimento é realizado totalmente via oral ou nasal.
Em quais casos a adenoidectomia é indicada?
A indicação mais comum ocorre em crianças que apresentam roncos e respiração oral. Em geral, isso ocorre devido à obstrução nasal causada pelo aumento da adenoide.
Quando não tratada adequadamente, pode acarretar mau desenvolvimento craniofacial da criança.
A seguir, apresentaremos outras indicações.
Rinossinusite crônica em crianças
No caso de obstruções nasais decorrentes da rinossinusite — tanto moderada quanto severa — decorrente do aumento de tonsila faríngea, a adenoidectomia deve ser levada em consideração para melhorar o fluxo nasal e drenar as secreções.
Em quadros de doenças nasosinusais, a cirurgia demonstra uma grande melhora na qualidade de vida das crianças que têm essas doenças.
Otites médias
A cirurgia é considerada bastante eficiente para diminuir quadros de otite média aguda recorrente nos casos de aumento do volume das tonsilas faríngeas.
Suspeita de neoplasia
Em caso de câncer, há a necessidade de retirar o tecido neoplásico o mais rápido possível. Devido à possibilidade de malignidade e disseminação, quanto mais rápida for a excisão, melhor será o prognóstico.
Quais cuidados tomar no pós-operatório?
O paciente recebe alta depois da recuperação da anestesia, ficando no hospital durante um período entre 12 e 24 horas.
A indicação é que se siga uma dieta fria devido ao risco de sangramento. Se a cirurgia for associada à amigdalectomia, é necessário manter dieta pastosa.
Algumas opções são: sorvetes, iogurtes, gelatinas etc. Essa alimentação deve ser rigorosamente seguida nos primeiros dias, podendo-se voltar à alimentação normal a partir do sétimo dia.
A exposição ao sol e as atividades físicas devem ser evitadas até completar 15 dias da adenoidectomia.
Geralmente, a cirurgia não causa dor e a lavagem nasal abundante com soro fisiológico é recomendada. Em casos de sangramentos e febre alta, é necessário procurar um médico imediatamente.
Quais são os riscos e as complicações da cirurgia?
Por se tratar de um processo cirúrgico, é comum ocorrer algumas complicações que podem afetar o paciente, assim como em todas as outras cirurgias.
As complicações vindas exclusivamente da adenoidectomia são, além de poucas, extremamente raras. Confira a lista a seguir:
- febre e/ou dor: a febre e as dores na garganta ou no ouvido somem de três a dez após a cirurgia e são tratadas com medicamentos especificados pelo médico;
- vômitos: em alguns casos, podem ocorrer episódios de vômito com a presença de sangue coagulado no mesmo dia da cirurgia;
- hemorragias: maior risco que o processo cirúrgico pode apresentar, a hemorragia acontece até dez dias após o procedimento, mas pode ocorrer em um período mais tardio. Normalmente, o volume é pequeno, mas pode chegar a volumes que resultam em uma nova intervenção cirúrgica sob anestesia geral;
- voz anasalada e refluxo de líquidos: é raro ocorrer e geralmente desaparece de forma espontânea, podendo persistir em casos mais raros e carecer de uma nova cirurgia;
- infecção: além de acontecer na região operada, sendo provocada por bactérias comuns da faringe e regredindo sem o auxílio de antibióticos, em casos raros, é possível que a infecção evolua para abscessos e infecções sistêmicas que necessitam de drenagem cirúrgica e antibioticoterapia;
- perda de audição: embora seja uma situação rara, pode ocorrer uma cicatrização na região da adenoide que comprometa o óstio da tuba auditiva, resultando em uma retenção de líquidos localizada na orelha média com infecções e queda de audição.
É possível — embora seja extremamente incomum — que aconteça um retorno das adenoides em casos mais graves de crianças muito alérgicas.
Depois de aprender um pouco mais sobre a adenoidectomia, converse com um especialista para discutir sobre o seu caso e escolher uma alternativa que atenda às suas necessidades.
Lembre-se de sempre procurar a ajuda de um profissional antes de se autodiagnosticar ou optar por algum procedimento cirúrgico.
Se você está interessado em saber mais sobre medicina, em especial otorrinolaringologia, o Dr Homero está a disposição para ajudá-lo. Nosso blog realiza atualizações constantes na área e mantém você sempre informado sobre sua saúde. Assine nossa newsletter!